quinta-feira, fevereiro 03, 2011
Lá no Delta do Nilo
Todos os homens têm um tempo. Políticos, generais e líderes locais não são excepção. Existe um modelo chamado Democracia, que permite decidir a qualidade e duração dos poderes. Mesmo uma democracia musculada, com ou sem anabolizantes, acaba, mais tarde ou mais cedo por definhar. A pobreza, a corrupção, a impossibilidade de escolha e as desigualdades acabam por atrofiar os músculos de um sistema que corre para o envelhecimento. Para um fim e para um outro começo.
Apesar de abrupto e acelerado, o Ocidente não quis compreender este previsível desfecho. Décadas a mais de olhos propositadamente fechados. O Ocidente agora fica na dúvida: o que aí vem pode ser pior do que lá está? Pode, claro. As revoluções têm sempre uma dose de incerteza: umas vezes dá ao povo uma saída moderna e de oportunidade, outras vezes desemboca no recuo em direitos e na intolerância de posições. Podemos falar em fundamentalismo islâmico ou noutro extremo bem desagradável, porém, o Egipto é mais que Sharm el Sheikh ou as pirâmides para turista ocidental ver e visitar. Se até o Nilo galga as margens, o que esperar de um povo que deixou de aguentar com um torniquete e colete de forças à sua volta?
Oxalá a diplomacia ocidental tenha um plano B para lidar com o futuro dos egípcios. Não porque os depósitos dos nossos carros dependam disso, mas porque o Médio Oriente, esse lugar de confusão constante, não pode viver com mais pólvora do que aquela que já estamos habituados. Para Israel, para a região, e já, agora, para o mundo, a paz depende desse plano. Hosni Mubarak está a dias, mas nós, nem a saída de emergência sabemos se existe.
 
Lavrado por diesnox at quinta-feira, fevereiro 03, 2011 | Permalink |


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