segunda-feira, janeiro 17, 2011
Defensor Moura, o candidato da Agonia


O que tem em comum o prédio Coutinho e Defensor Moura? O primeiro é um erro de planeamento; o segundo, de casting.
Ainda não encontrei um motivo acrescido para esta candidatura, salvo a legítima pretensão pessoal. A sua expressividade eleitoral vai centrar-se em Viana do Castelo, como seria de esperar, porque o seu resultado será insignificante.
Defensor Moura tenta, a todo o custo, alimentar os casos que envolvem os adversários. Procura contaminar o “ar que os outros respiram”, para daí lhe darem a atenção. Forçada. Centra-se na crítica permanente e marcação cerrada ao actual inquilino do Palácio Belém. Lança uma diatribe à política, aos políticos, aos outros, como se um candidato à Presidência da República não fosse, ele próprio, também um actor da coisa pública.
Na entrevista concedida ao “Diário de Notícias”, de 17 de Janeiro, comete um pecado capital, e logo na primeira pergunta. […] Sempre fui eleito pelo PS, mas a partir do dia em que fui eleito deixei de ter partido - e tratava por igual as juntas de freguesia de quatro partidos diferentes. […] Ou seja, durante 16 anos foi autarca do PS, homem da política, e desde que abandonou funções, a política já não interessa? Uma coisa é admitir que a política não está a funcionar, ou que é preciso mudar muita coisa, outra é querer apagar-se a história, e servir-se dos factos e oportunismo do momento, de acordo com o que é politicamente correcto, para captar descontentes e desiludidos.
O abuso torna-se em contradição quando Defensor reitera a causa da regionalização, para como preconiza, “libertar a criatividade e o dinamismo dos agentes culturais e sociais e para aproveitar e coordenar os investimentos públicos”. Ora aí está, uma ideia curiosa de alguém que já em 1998 foi activista pró-Regionalização. Mais uma camada para administrar 90 mil quilómetros quadrados?
Detentor do brevet de Piloto Particular de Aeroplanos, Defensor Moura devia perceber que é preciso não perdemos o sentido de orientação, de ligação com o terreno. Em vez de um candidato contra qualquer coisa, podia ter-se afirmado como o condutor da afirmação pela positiva, de ideias, de propostas, enfim, da diferença. O seu lema é realmente sintomático: "Contra a resignação". Não podia ser antes com outra preposição? "Contra" soa a anarquia.
Enfim, um candidato da agonia.
Pontuação final: 13 valores.
 
Lavrado por diesnox at segunda-feira, janeiro 17, 2011 | Permalink |


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