sexta-feira, fevereiro 16, 2007
O preço pela paz
Ser empresário pode ter efeitos ambíguos de personalidade: nem se é carne, nem peixe. Ou então, implicará fazerem-se jogos duplos e criarem-se bluffs.

Belmiro de Azevedo anunciara em entrevista à RTP, há algumas semanas, que só se encontrasse petróleo na sede da PT, ou diamantes nas instalações da RTP é que subiria o preço que a Sonaecom estava disposta a pagar pelo gigante nacional de telecomunicações. Ontem, Belmiro acabara por encontrar o seu poço de petróleo em Picoas, o «preço a pagar pela paz», como lhe chamou o empresário de Canavezes. Um feito que deixa inveja à Galp, já que raros são os poços de petróleo por descobrir por aí. Dando o dito pelo não dito, a parada está agora nos 10.5 euros. Eis o preço que a dupla Azevedo concede, para agradar o bolso de Ricardo Salgado e restantes accionistas de relevo.

Será que há agora razões para a maior Opa em território nacional triunfar? Tenho muitas dúvidas… E por uma razão simples: ao bluff de Belmiro, Henrique Granadeiro vai contrapor jogadas subtis. Porque o mundo do dinheiro não é apenas da máquina do conhecimento: é também de xadrez. Sacrificam-se os peões para salvar as peças mais valiosas do jogo. E a peça mais valiosa que muitos dos protagonistas têm para jogar é o da sua própria existência. Nem Belmiro quer perder o «negócio da sua vida». Nem Granadeiro quer perder a face, porque se o cenário da Opa se vier a concretizar, Granadeiro não terá outra saída, que não a mais comum dos mortais: a da porta.


PS
: Para medirmos bem o que tudo isto significa, basta pensar que quem ontem tinha mil euros investidos em acções da Sonaecom, os títulos, pelas 11h00, valiam 1200 euros. Há algum investimento que renda 20 por cento poucas horas?
 
Lavrado por diesnox at sexta-feira, fevereiro 16, 2007 | Permalink |


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