sexta-feira, outubro 06, 2006
Stôres

A revista Annals of Improbable Research atribuiu os tão aguardados IgNobel. Houvesse prémio para a área da Educação e os professores portugueses seriam certamente laureados com um IgNobel, pelo sucessivo egoísmo com que insistem em pugnar pelos seus direitos, ou corrigirei, antes, privilégios.

Mais de 20 mil docentes desfilaram dia 5 de Outubro, pelas ruas da capital. Os propósitos, os mesmos de sempre, os quais o eterno-sindicalista-da-FENPROF, Paulo Sucena, saberá melhor que ninguém reproduzir: a revisão do estatuto da carreira, e coisa e tal…
Alguém me convence que o que está em causa é acima de tudo dinheiro?

Que me digam que os professores mais jovens têm razões para a luta, concordo. Que saiam também à rua os educadores de infância, por causa de colocação e estabilidade profissional, aceito. Agora, que uma classe reivindique, desde há duas décadas, que está a perder «estatuto» a torto e a direito, isso acho, no mínimo, brincadeira de mau gosto.

Se a altura é de sacrifícios, também os professores – tal como os médicos, polícias, administrativos e todo o sector público – devem ser solidários. Se há classe que goza de privilégios são os professores. Alguém conhece uma outra classe no país que tenha dois meses de férias? Se é hora de congelar escalões e afunilar chorudas reformas, tal constitui uma inevitabilidade de um Estado social em ruptura.

É intolerável que os professores não saibam ser solidários quando o país enfrenta dificuldades. Que façam as greves e as marchas que quiserem, pois isso não me incomoda. De todo.
 
Lavrado por diesnox at sexta-feira, outubro 06, 2006 | Permalink |


2 Comments:


At 12:54 da tarde, Blogger Ice-device

a mim parece-me um processo normal. Os sindicatos discutem e protestam pedindo 100 para obter 50. Business as usual.

E sim, tens toda a razão. Ser professor pode ser muito boa vida [aqui no ensino superior é de certeza] mas também pode ser complicadíssimo: Saltar de escola em escola, ficar anos e anos longe de casa, lidar com crianças e jovens problemáticos... tudo isso leva a uma imensa instabilidade. Parece-me que os professores precisam mais de estabilidade emocional do que de mais dinheiro.

 

At 4:24 da tarde, Blogger Sara

Querias que os professores fossem solidários com quê? Com a miséria de país em que tentam sobreviver? Por muito que custe admitir a uma cambada de gente, a classe docente é em grande parte responsável por aquilo que tu és, que eu sou hoje. Apenas utilizam um direito consagrado na CRP e não se calam, nem consentem.